O psicólogo Cristiano Nabuco, coordenador do grupo de dependência tecnológica do Hospital de Clínicas de São Paulo, diz que a exposição precoce das crianças à tecnologia vai criar uma geração de alienados incapazes de se relacionar com outras pessoas.
“Essas crianças, à medida que vão ficando cada vez mais próximas da tecnologia, vão se abstendo de se relacionar com o ambiente. Essa incapacidade de se relacionar com outros está ceifando importantes habilidades sociais”, afirma Nabuco. “É na infância que a gente começa a aprender o que se chama popularmente de inteligência emocional, que é a capacidade de empatizar, se colocar no lugar do outro. A criança que está ligada à tecnologia não tem isso.”
Exemplo dessa inabilidade social pode ser conferido em festinhas infantis. Enquanto um grupo de crianças se diverte brincado com os colegas, outro está entretido com o celular.
“A criança acaba entendendo que todo tipo de distração vem através da tecnologia. Mais que isso, ela tem controle total, pois esse recurso não frustra a criança. Isso faz com que os jovens se voltem para a tecnologia e deixem de conviver com os outros”, diz Nabuco.
Segundo o psicólogo, esse contato precoce e prolongado com a tecnologia traz impactos negativos para o aprendizado. “Quando um jovem fica muito tempo exposto à tecnologia ele vai perdendo a capacidade de fazer raciocínios de maior profundidade. “
Quando uma criança está assistindo a uma aula e desvia a atenção para ler a mensagem que chegou pelo celular ocorre uma “alternância de operações mentais”, que cria “um processo impeditivo de novas associações profundas.” “Eu deixo de prestar atenção no que você está falando. Estou escutando, mas não estou processando. Essa história de multitarefa é a maior falácia que existe”, diz o psicólogo do HC.